Skip to main content

"Na maior parte dos casos, a troca de treinadores não leva ao sucesso"

O jornal "O Estado de S. Paulo" entrevistou Pedro Sequeira, entre outros, para uma reportagem sobre treinadores portugueses: "Portugal, ‘viveiro’ de treinadores, anda muito impaciente com eles".

Destacamos as declarações do Presidente da Confederação de Treinadores de Portugal: "Pedro Sequeira que aponta para uma cultura que lembra muito a do Brasil. "Em Portugal, infelizmente criou-se o mito que, quando uma equipe começa a ter algum insucesso - par exemplo, perder três jogos seguidos - é mais fácil (e mais barato!) culpar o treinador do que os jogadores ou os dirigentes. Na maior parte dos casos, a troca de treinadores não leva ao sucesso. Os clubes do fundo da tabela chegam a trocar três ou quatro vezes ao ano o treinador. No final, em caso de insucesso, percebe-se que a falta da qualidade do plantel e de outras condições de trabalho e que eram os 'verdadeiros' culpados".

Sequeira recorre a exemplos de portugueses no Brasil para reforçar a ideia. "O Botafogo na temporada 2023, com a saída do Luis Castro, andou de treinador em treinador até à derrota final. No ano seguinte, acreditou e apostou na estabilidade - também passou par períodos difíceis - e no final foi campeão. Já o Palmeiras tem vencido nos últimos anos vários campeonatos e, quando não vence, mantém o Abel Ferreira. Desta forma, continua a ganhar mais vezes do que fazia antes:' Em Portugal, ele lamenta que "as direções têm dificuldades em resistir à impaciência dos torcedores, e cada um acha que sabe mais que os treinadores"

E, mais uma vez, Sequeira identifica em Portugal um comportamento que encontra eco no Brasil. "Julgo que a tendência de se criar a ideia que o treinador é um herói, e o único responsável pelo sucesso e insucesso de uma equipe, não beneficia uma avaliação clara e profissional da situação em que uma equipe se pode encontrar. Lesões, superioridade dos adversários, condições de treino, dificuldades financeiras etc. são algumas das variáveis que podem explicar insucessos momentâneos. Mas o treinador é o elo mais fácil de se eliminar."

(...)

Sequeira amplia a lista dos que seriam responsáveis pelo florescimento do prestígio dos treinadores portugueses. "Não é justo referir apenas Vitor Frade. Ele tem a sua importância mas outros, antes - Carlos Queiróz, Nelo Vingada (adjunto de Queiróz) ou Jesualdo Ferreira (ex-Santos) - ou depois - principalmente José Mourinho mas também André Villas-Boas (atual presidente do Porto) ou Carlos Carvalhal (hoje no Sporting Braga) - enraizaram essa escola de treinadores. Estou convencido que o sucesso de José Mourinho foi o grande impulsionador para que os treinadores portugueses passassem a ter um estatuto de credibilidade."

Leia a reportagem do "O Estado de S. Paulo" na íntegra AQUI.